terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Marcas do tempo.

Tempo: Medida de duração dos fenômenos.
Nostalgia: Melancolia, tristeza causada pela saudade de sua terra.

A cada lembrança, a cada lágrima a certeza de que poderia ter feito mais.
Sábios dizem que o tempo cura qualquer ferida e sara toda dor, mas não entendem que em terra que não se anda, sábio é aquele que não perde tempo.
Um amigo de beco, de banquinho, de divisão de brisas, de noites escuras ... talvez ele ainda esteja aqui.
As pegadas no chão, o cheiro único, o estilo diferente, o tradicional escondido em modernista, o assobio de músicas, as canções jamais reveladas nas rádios, as melodias feitas a luz da lua, ao calor do sol, ao fresquinho das sombras, nas madrugadas insones. Em cada parte via sua vida viva, mas aqui já não habitava mais ...
Enquanto estava aqui no beco vivia em seu casco como uma tartaruga em posição de defesa, mas diferente delas ele não o usava para se proteger, mas porque era amante do silêncio do ambiente e também de sua voz estridente cantarolando.
Desejava o melhor para os frutos de suas sementes e se apegava a algumas em especial, mas amava todas.
Tinha o dom da perturbação e a sabedoria de um "multi-man", mas nem se quer títulos tinha para tal, era isso e ponto, não brincava em serviço!
Lembro-me bem de seus caichinhos cor de neve que dava a impressão de ser um personagem natalino, porém mais irreverente, meu companheiro era uma figura única e muito engraçada, queria vê-lo novamente...aaaaaah aqueles olhos diferentes ...
Passou por alguns problemas, mas sua calma pela primeira vez não fez tão bem.Ficou um tempo longe por isso, e certamente não sabia que não voltaria para se deliciar dos ventos acariciadores do beco, pois é ...
Recebeu minhas palavras umidas de lágrimas nas folhas, em seu momento mais difícil...talvez nem as tenha lido, mas tenho certeza que alguém o fez para ele, acho que até se emocionava e por vezes me "mal dizia" de seu jeito "carinhoso" por isso, não gostava muito de demonstrar seus sentimentos.
Sua inquietude marcava até o seu momento de paralisia, talvez eu nunca o tivesse visto parado, mas na despedida fui obrigada a ver pela primeira e última vez. Ele me dava um "até logo" mais sereno que já vi, acho que sabia que nosso adeus seria breve...talvez sim, talvez não, depende do Mestre dos Mestres, já se passaram 3 anos né?
Diretamente: Não pude te olhar até a última hora, não pude escutar seus últimos suspiros, mas acredito que saiba que eu estava contigo até o fim, e que estou até agora, a distância só me faz te amar mais.
Obrigada por minha vida, pelo afago, por ter se tornado a minha estrela, a minha ventania. Obrigada por mesmo distante estar me apoiando, me levantando com a ajuda de Papai, meu anjo! Obrigada pelo empurrãozinho, pelo ânimo, pelo meu sorriso de quando lembro o quão bom fostes para mim e talvez não tenha tido tempo de dizer-te que EU TE AMO e que agradeço pela última lágrima ter sido por mim, me orgulho disso ...
Não desculpo por minha nostalgia, mas qualquer dia amigo a gente vai se encontrar...está marcado ;)



"O pior do fim de tarde é a nostalgia que nos entristece e nos amarga como a solidão, mesmo sabendo que nada nos preencherá."


Escrito por: Paula Marini