Solidão: É um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento.
Meu famoso banquinho, aaa como ele me ajuda a perceber as coisas em meu beco. Sentada nele viajo galaxias, mas dessa vez não precisei ir tão longe.
Olhei pra frente, respirei fundo, bem fundo! Nossa consegui ver tanta gente que nem conseguia parar meu olhar em alguém específico, pessoas indo, pessoas vindo, mas ninguém parando.
Ninguém percebia o que estava acontecendo ali, elas tinham pressa e não se importavam se alguém estava precisando de ajuda. Eu vi pessoas chorando, pessoas agonizando de dor, vi pessoas desesperadas, presas em seu próprio 'eu' vazio, vi pessoas que precisavam de "motivos"...mas de verdade eu não conseguia ver ninguém, meus olhos já cansados pediam arrego.
Olhei pro alto e na certeza de que minha única arma naquele momento era minha prece, meu poder de conversação com o Soberano Criador da existência. Não indaguei o porque do sofrimento, ou o porque da falta de auxílio, achei mais proveitoso pedir ajuda independente das respostas. Percebi naquele momento que por mais sozinha que as pessoas estivessem, elas tinham o prazer de contar com uma Companhia muito maior do que imaginavam, era só elas mesmas se reconhecerem. Ele estava preparado pra escutar tudo o que elas precisavam falar, as vezes elas nem precisavam se expressar pra Ele entender o que se passava no mais íntimo delas. Será que era tão difícil assim elas perceberem isso?
Ele estava alí ao lado delas em todos os momentos, nos tristes e felizes, mas porque esquecer Dele no momento de fraqueza do ser, se Ele é o principal ingrediente da força?
Me levantei! Queria subir em meu banquinho e começar a gritar, mas não prestariam atenção em mim, e quem prestasse ia acabar ficando com raiva de mim e Dele pelo "espetáculo". Então toquei no ombro de uma delas, de cabeça baixa, ela não queria olhar pra mim, mas insisti. Ela estava sentada no chão, e eu em meio a minhas loucuras, queria estar mais abaixo do que ela e me deitei no chão. Agora sim eu conseguia olhar nos olhos dela, não proclamei uma palavra, meu único instrumento era meu olhar, tão perdido quanto o dela, mas com a certeza de que tinha alguém ao meu lado. Toquei em seu ombro e disse: "Não precisa olhar pra mim, olhe pra dentro de você, e se você não se enxergar, olhe pro alto". É, ela olhou pra mim, pude ver o quanto de esperança ainda restava nela, a única coisa que ela precisava era uma ajuda, um 'empurrãozinho'...como ninguém tinha visto isso antes?
Ela olhou pro alto, e como o gesto mais bonito que ela poderia ter feito, ergueu os braços pro céu e tenho certeza que naquele momento ela sentiu um abraço fraterno. Se levantou, me ajudou a levantar, me entregou o que de mais valioso tinha e saiu a caminhar pelo beco.
Pois é, em meu banquinho novamente eu sentei, mas parece que todos já tinham passado por mim, não via mais ninguém...é eu estava só.
Mas estava esquecendo de uma coisa, tinha algo em minha mão que estava fechadinha, parecia que estava guardado um tesouro, mas nem eu sabia o que era.
Quando abri a mão, percebi que aquela pessoa me deu o que ela tinha de mais valioso mesmo, mais parecia um cristal, vermelhinho, vermelhinho. E num é que ela acertou o que eu precisava? O meu coração, de todos os pedaços que deixei pelos caminhos que passei, alguns não foram retribuidos, então ele estava com partes vazias, e o pedacinho que ela me deu, coube em cheio. Ela já tinha ido embora, mas pude agradecer ao Grande Amigo que tínhamos em comum, olhei pro alto e...depois que dei uma piscadinha..."Obrigada Papai".
Nada poderá me abalar, eu tenho a Força e a Vitória.
Escrito por: Paula Marini.