sábado, 25 de setembro de 2010

Apenas um em milhões.


Solidão: É um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento.

Meu famoso banquinho, aaa como ele me ajuda a perceber as coisas em meu beco. Sentada nele viajo galaxias, mas dessa vez não precisei ir tão longe.
Olhei pra frente, respirei fundo, bem fundo! Nossa consegui ver tanta gente que nem conseguia parar meu olhar em alguém específico, pessoas indo, pessoas vindo, mas ninguém parando.
Ninguém percebia o que estava acontecendo ali, elas tinham pressa e não se importavam se alguém estava precisando de ajuda. Eu vi pessoas chorando, pessoas agonizando de dor, vi pessoas desesperadas, presas em seu próprio 'eu' vazio, vi pessoas que precisavam de "motivos"...mas de verdade eu não conseguia ver ninguém, meus olhos já cansados pediam arrego.
Olhei pro alto e na certeza de que minha única arma naquele momento era minha prece, meu poder de conversação com o Soberano Criador da existência. Não indaguei o porque do sofrimento, ou o porque da falta de auxílio, achei mais proveitoso pedir ajuda independente das respostas. Percebi naquele momento que por mais sozinha que as pessoas estivessem, elas tinham o prazer de contar com uma Companhia muito maior do que imaginavam, era só elas mesmas se reconhecerem. Ele estava preparado pra escutar tudo o que elas precisavam falar, as vezes elas nem precisavam se expressar pra Ele entender o que se passava no mais íntimo delas. Será que era tão difícil assim elas perceberem isso?
Ele estava alí ao lado delas em todos os momentos, nos tristes e felizes, mas porque esquecer Dele no momento de fraqueza do ser, se Ele é o principal ingrediente da força?
Me levantei! Queria subir em meu banquinho e começar a gritar, mas não prestariam atenção em mim, e quem prestasse ia acabar ficando com raiva de mim e Dele pelo "espetáculo". Então toquei no ombro de uma delas, de cabeça baixa, ela não queria olhar pra mim, mas insisti. Ela estava sentada no chão, e eu em meio a minhas loucuras, queria estar mais abaixo do que ela e me deitei no chão. Agora sim eu conseguia olhar nos olhos dela, não proclamei uma palavra, meu único instrumento era meu olhar, tão perdido quanto o dela, mas com a certeza de que tinha alguém ao meu lado. Toquei em seu ombro e disse: "Não precisa olhar pra mim, olhe pra dentro de você, e se você não se enxergar, olhe pro alto". É, ela olhou pra mim, pude ver o quanto de esperança ainda restava nela, a única coisa que ela precisava era uma ajuda, um 'empurrãozinho'...como ninguém tinha visto isso antes?
Ela olhou pro alto, e como o gesto mais bonito que ela poderia ter feito, ergueu os braços pro céu e tenho certeza que naquele momento ela sentiu um abraço fraterno. Se levantou, me ajudou a levantar, me entregou o que de mais valioso tinha e saiu a caminhar pelo beco.
Pois é, em meu banquinho novamente eu sentei, mas parece que todos já tinham passado por mim, não via mais ninguém...é eu estava só.
Mas estava esquecendo de uma coisa, tinha algo em minha mão que estava fechadinha, parecia que estava guardado um tesouro, mas nem eu sabia o que era.
Quando abri a mão, percebi que aquela pessoa me deu o que ela tinha de mais valioso mesmo, mais parecia um cristal, vermelhinho, vermelhinho. E num é que ela acertou o que eu precisava? O meu coração, de todos os pedaços que deixei pelos caminhos que passei, alguns não foram retribuidos, então ele estava com partes vazias, e o pedacinho que ela me deu, coube em cheio. Ela já tinha ido embora, mas pude agradecer ao Grande Amigo que tínhamos em comum, olhei pro alto e...depois que dei uma piscadinha..."Obrigada Papai".

Nada poderá me abalar, eu tenho a Força e a Vitória.


Escrito por: Paula Marini.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Me dê motivos.


Motivo: Razão, móvel; aquilo que nos leva a fazer algo, ou justifica o nosso comportamento; explicação, justificativa.

Certa vez cansada de ficar sentada em meu banquinho decidi me esparramar feito criança naquela grama verdinha, verdinha. Uma brisa fria de primavera passava sobre minha pele, um clima gostoso digno de fim de tarde.
Por um momento me perdi em meus pensamentos, e me peguei vagando em outro mundo, outro mundo? É ... me perdi e me encontrei! De repente me vi sentada no topo de uma montanha, ok, eu nem conseguia me mexer pois parecia que se eu respirasse eu poderia cair naquele penhasco tão próximo de meus pés, mas essa sensação passou tão rápido...de outra forma instantânea sentadinha lá consegui me sentir em casa, balançava meus pés como se eu estivesse num balanço da praça. Fechei os olhos e se eu batesse os braços tenho certeza que conseguiria levantar vôo, porque era essa a impressão.
Quando abri os olhos, pude ver uma nuvem de interrogações, questionamentos, argumentos falhos, problemas inexistentes, tristeza irracional, e medo, nossa uma nuvem imensa, muito medo! Medo da falta de motivos pra insistir em sua existência, pra bater o pé e dizer com firmeza que não se está cansado, medo da falta de motivos para colocar ar em meus pulmões.
Aparentemente protagonizava a peça perfeita, era um espetáculo. Quem estava de fora, aplaudia e não acreditava na falta de sucesso. Mas ninguém queria desvendar o que se passava na coxia, porque era mais fácil aceitar a grande apresentação, do que ainda se preocupar com as razões do script estar meio obscuro.
O diretor do evento estava meio sem criatividade, ôôôô estava faltando ação, comédia e claro romance, o gênero que mais prevalecia era drama, mas que drama hein!
Luz, câmera, ação...gravando!
Aaaaah aquele capítulo, jamais será esquecido! A mocinha já estava desesperançada com todo drama de sua história, drama as vezes até escrito por ela mesma já que ela não fazia nada pra reverter a sua situação nesse espetáculo. Até que um dia, em alguma torrente de chuva de verão em pleno inverno eis que surge a boa nova, a alegria, a motivação, o erguer-se do chão. Aaaah que MOTIVO pra se ter vontade de viver, crescer e permanecer.
Ela abre a porta e encontra uma carta, nela escrita que o grande amor de sua vida nascerá, e virá pra renovar todos os sentidos e vontades guardadas em seu coração. De imediato um baque, um segundo depois lágrimas, de tristeza? Não! De felicidade de poder revigorar tudo o que se tem por dentro e não deixar mais um coração perder o sentido pra bater.
Depois de mergulhar nesse profundo azul de meus anseios, uma borboleta lilás pousou na pontinha do meu nariz, senti cócegas, acordei e aplaudi de pé a última cena que pude assistir da peça...porque o restante ainda é surpresa, nem eu sei, só o meu Grande Escritor que sabe, e Ele guarda segredo como ninguém. Já estava tarde nem conseguia mais ver o fim do abismo que estava em minha frente, então decidi repousar um pouco meus olhos e dessa vez meus pensamentos também. Quando acordei lá estava eu na grama veeeerdinha, e tinha um cachorro comigo, uma luneta, um regador,e minha  roupa suja, parecia que tinha brincado na lama. Mas como? É que enquanto me desvendava, eu mesma estava aproveitando os grandes motivos da vida.

Em especial, obrigada Afilhado(a), minha razão mesmo estando ainda na barriguinha.


Escrito por: Paula Marini

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Preciosa.


Preconceito, definição popular = opinião sem conhecimento.
Preconceito, definição de dicionário = é um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminação/discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos".

Vejo brancas, loiras, morenas, ruivas, mas não me encaixo a nenhum desses grupos totalmente. A miscigenação das raças já foi aceitada por aqui, mas sua estética marcada em carne e osso não!
Certa vez, sentada em um banquinho observava uma menina que se escondia em uma capa de ferro. Ao meu ver a menina era linda, morena, cabelos longos e lisos mais parecia que tinha vindo de alguma tribo, tinha um jeitinho de índia! Estava sentada sozinha, olhando a árvore e escutando cada detalhe do canto dos passarinhos, seus olhos brilharam quando viu um gatinho se aproximando, com ternura passou a mão em seus pêlos e ele a retribuiu com uma lambida gostosa em suas mãos e ela pode perceber naquele momento que alguém se importava com ela.
De longe mesmo sem saber de sua vida, eu já sabia o porque de sua solidão...sabia? Refletia naquela cena coisas que presenciava no passado e que até hoje pairam sobre minha mente confusa. Rosto lindo e sorriso encantador, mas não tinha uma "fôrma" corporal que agradasse a quem a olhasse, gordinha? Cheinha? Obesa? Não sei julgar essas coisas, só sei de uma coisa...É HUMANA! Carne, osso e coração. Ah sim, coração...coisa que quase ninguém pensa na hora de conhecer o outro, o que importa é o que se vê externamente, preconceito bobo!
Por um momento essa menina me encarou e conseguiu desabafar cada tristeza em um simples olhar...que me dizia: "Tia, me tira daqui, tô sufocada". Me sufocou! Saí correndo, sem olhar para os lados, de imediato coloquei minhas mãos em meus ouvidos para não ter que escutar nenhum grito, estava num dejavú de lembranças.
Ah aquela menina preciosa...ela queria amigos, namorado talvez, trabalho, que não se importasse com o que ela tem por fora, mas que dessem valor ao que ela carrega dentro do peito e ao imenso talento que tem.
Corri por algumas vielas até meus pés não responderem mais meus comandos...parei no primeiro fecho de luz, mas não enxergava nada queria me encontrar para tentar entender o que estava acontecendo, mas meu lugar é na escuridão e é só lá que encontro meus medos, desejos, tristezas, alegrias, mágoas, tudo guardado num vácuo interminável, meu!
Quando dei mais um passo (não mais com meus ouvidos tampados), ouvi uma voz me chamando, tentei olhar pra frente e consegui ver um banquinho, lá estava ela, linda, me estendendo a mão e me oferecendo ajuda. Agora eu era a vítima, e ela se culpando por ter me feito lembrar. Fui ao seu encontro, ela me abraçou e deu pra ver em seus olhos toda a esperança de mudança para mim, e disse: "Tia é assim mesmo, eles não tem culpa. Esse estereótipo foi imposto há tempos, o que nos cabe agora é fazer a diferença. Qual seria a graça de sermos todas iguais?". Choque!! Ela via ponto positivo em ser assim, que lição!! Na verdade essa garota não era uma estranha, eu a conhecia muito bem, era...

"Você é bonita não importa o que eles dizem,palavras não vão te fazer cair.
Você é bonita em todos os sentidos. Sim, palavras não vão te fazer cair
Então não me faça cair hoje..."
(Beautiful - Christina Aguilera)

"A cada sopro de maldade que nos assombra inevitávelmente nos transformamos em pequenos indefesos."

Escrito por: Paula Marini