Oportunidade: Qualidade do que é oportuno; ensejo; ocasião favorável.
E dessa vez céu azul, ventinho de fim de tarde e ... angústia no coração.
Na lama de meus pensamentos me entrego a razão, que não me leva a lugares altos, só a momentos sem sentimentos.
Olhando para minhas mãos abertas eu via minha pequenina sementinha, a encontrei perdida numa madrugada...estava meio ressecada caída em uma das vielas. Eu a olhava e me perguntava o que eu poderia fazer com ela ... Plantar? Jogar fora? Simplesmente deixar no meu banquinho? Não sabia o que fazer com tão grande experimento, afinal já fazia um tempo que não cultivava nada, já havia até desaprendido.
Nossa ... parecia uma decisão tão simples, mas a dúvida pairava sobre meus neurônios cansados.
Se eu plantasse poderia me apegar demais, ou então não cuidar do jeito que deveria. Então decidi jogar fora, mas quando a taquei no meio do nada ela misteriosamente veio parar em cima do meu banquinho, fiquei assustada, mas percebi o quanto ela queria ficar comigo, e que eu pelo menos tentasse cuidar dela, mas que eu não deixasse ela morrer sem pelo menos ter a chance de viver.
Guardei ela por um tempo, dias eu achava que tinha que plantar e arriscar, dias eu achava que era melhor me desfazer logo, dar pra alguém sei lá, antes que ela sofresse mais ainda.
Pensei, pensei, pensei, e ela acabou sumindo. Não estava no meu banquinho, nem na minha árvore, mas não saía da loucura de meus pensamentos. E percebi o quanto aquela companhia de tão simples semente me fazia bem. Apagava do meu peito a minha solidão, pode ser estranho, mas me dava carinho e ocupava a minha mente com coisas sadias, quando só o que eu não queria pensar me vinha ao pensamento. Procurei muito, e não encontrei...
Então, certo dia caminhando, vi uma flor diferente num jardim vizinho. Olhei para aquela flor e me hipnotizei, não conseguia nem andar de tão magnifica que era. Passei a mão nela e senti seu cheiro espetacular, que me lembrava alguma coisa. Sim, era ela, minha sementinha. Minha não! Agora já pertencia a outra pessoa, que com certeza jamais me devolveria ela, e de certa forma com razão.
As oportunidades nos são dadas, quando não aproveitamos outra pessoa aproveita por nós.
É, percebi o quanto a razão me manipulava e o meu coração se calava, lamentável mas pura realidade.
De volta ao meu banquinho, a única coisa que pensava era em minha semente ... que não era mais minha, e que mesmo que tivesse opção de mudar de jardim, não seria o meu que ela habitaria.
"Toda forma de aprendizagem é válida. Mesmo que seja cruel, e te ponha de pé na realidade pisando em pregos."
Escrito por: Paula Marini